Alguns dos livros mais bonitos da Bíblia são jó, salmos, provérbios e eclesiastes, os livros de sabedoria e poesia.

outros muito agradáveis são as epistolas do novo testamento, e os ensinamentos de Jesus, alguns textos Bíblicos resumem a Bíblia toda!

Tem tanta coisa boa na Bíblia que eu resolvi fazer esse novo blog, com salmos, provérbios e outros textos bíblicos que eu simplesmente amo!

Espero poder te edificar com o conteúdo do blog, se não posso, quero pelo menos te agradar com esses textos maravilhosos.

Jó 38

1  DEPOIS disto o SENHOR respondeu a Jó de um redemoinho, dizendo:
2  Quem é este que escurece o conselho com palavras sem conhecimento?
3  Agora cinge os teus lombos, como homem; e perguntar-te-ei, e tu me ensinarás.
4  Onde estavas tu, quando eu fundava a terra? Faze-mo saber, se tens inteligência.
5  Quem lhe pôs as medidas, se é que o sabes? Ou quem estendeu sobre ela o cordel?
6  Sobre que estão fundadas as suas bases, ou quem assentou a sua pedra de esquina,
7  Quando as estrelas da alva juntas alegremente cantavam, e todos os filhos de Deus jubilavam?
8  Ou quem encerrou o mar com portas, quando este rompeu e saiu da madre;
9  Quando eu pus as nuvens por sua vestidura, e a escuridão por faixa?
10  Quando eu lhe tracei limites, e lhe pus portas e ferrolhos,
11  E disse: Até aqui virás, e não mais adiante, e aqui se parará o orgulho das tuas ondas?
12  Ou desde os teus dias deste ordem à madrugada, ou mostraste à alva o seu lugar;
13  Para que pegasse nas extremidades da terra, e os ímpios fossem sacudidos dela;
14  E se transformasse como o barro sob o selo, e se pusessem como vestidos;
15  E dos ímpios se desvie a sua luz, e o braço altivo se quebrante;
16  Ou entraste tu até às origens do mar, ou passeaste no mais profundo do abismo?
17  Ou descobriram-se-te as portas da morte, ou viste as portas da sombra da morte?
18  Ou com o teu entendimento chegaste às larguras da terra? Faze-mo saber, se sabes tudo isto.
19  Onde está o caminho onde mora a luz? E, quanto às trevas, onde está o seu lugar;
20  Para que as tragas aos seus limites, e para que saibas as veredas da sua casa?
21  De certo tu o sabes, porque já então eras nascido, e por ser grande o número dos teus dias!
22  Ou entraste tu até aos tesouros da neve, e viste os tesouros da saraiva,
23  Que eu retenho até ao tempo da angústia, até ao dia da peleja e da guerra?
24  Onde está o caminho em que se reparte a luz, e se espalha o vento oriental sobre a terra?
25  Quem abriu para a inundação um leito, e um caminho para os relâmpagos dos trovões,
26  Para chover sobre a terra, onde não há ninguém, e no deserto, em que não há homem;
27  Para fartar a terra deserta e assolada, e para fazer crescer os renovos da erva?
28  A chuva porventura tem pai? Ou quem gerou as gotas do orvalho?
29  De que ventre procedeu o gelo? E quem gerou a geada do céu?
30  Como debaixo de pedra as águas se endurecem, e a superfície do abismo se congela.
31  Ou poderás tu ajuntar as delícias do Sete-estrelo ou soltar os cordéis do Órion?
32  Ou produzir as constelações a seu tempo, e guiar a Ursa com seus filhos?
33  Sabes tu as ordenanças dos céus, ou podes estabelecer o domínio deles sobre a terra?
34  Ou podes levantar a tua voz até às nuvens, para que a abundância das águas te cubra?
35  Ou mandarás aos raios para que saiam, e te digam: Eis-nos aqui?
36  Quem pôs a sabedoria no íntimo, ou quem deu à mente o entendimento?
37  Quem numerará as nuvens com sabedoria? Ou os odres dos céus, quem os esvaziará,
38  Quando se funde o pó numa massa, e se apegam os torrões uns aos outros?
39  Porventura caçarás tu presa para a leoa, ou saciarás a fome dos filhos dos leões,
40  Quando se agacham nos covis, e estão à espreita nas covas?
41  Quem prepara aos corvos o seu alimento, quando os seus filhotes gritam a Deus e andam vagueando, por não terem o que comer?

de eliu

Jó 37

1  SOBRE isto também treme o meu coração, e salta do seu lugar.
2  Atentamente ouvi a indignação da sua voz, e o sonido que sai da sua boca.
3  Ele o envia por debaixo de todos os céus, e a sua luz até aos confins da terra.
4  Depois disto ruge uma voz; ele troveja com a sua voz majestosa; e ele não os detém quando a sua voz é ouvida.
5  Com a sua voz troveja Deus maravilhosamente; faz grandes coisas, que nós não podemos compreender.
6  Porque à neve diz: Cai sobre a terra; como também à garoa e à sua forte chuva.
7  Ele sela as mãos de todo o homem, para que conheçam todos os homens a sua obra.
8  E as feras entram nos seus esconderijos e ficam nas suas cavernas.
9  Da recâmara do sul sai o tufão, e do norte o frio.
10  Pelo sopro de Deus se dá a geada, e as largas águas se congelam.
11  Também de umidade carrega as grossas nuvens, e esparge as nuvens com a sua luz.
12  Então elas, segundo o seu prudente conselho, se espalham em redor, para que façam tudo quanto lhes ordena sobre a superfície do mundo na terra.
13  Seja que por vara, ou para a sua terra, ou por misericórdia as faz vir.
14  A isto, ó Jó, inclina os teus ouvidos; para, e considera as maravilhas de Deus.
15  Porventura sabes tu como Deus as opera, e faz resplandecer a luz da sua nuvem?
16  Tens tu notícia do equilíbrio das grossas nuvens e das maravilhas daquele que é perfeito nos conhecimentos?
17  Ou de como as tuas roupas aquecem, quando do sul há calma sobre a terra?
18  Ou estendeste com ele os céus, que estão firmes como espelho fundido?
19  Ensina-nos o que lhe diremos: porque nós nada poderemos pôr em boa ordem, por causa das trevas.
20  Contar-lhe-ia alguém o que tenho falado? Ou desejaria um homem que ele fosse devorado?
21  E agora não se pode olhar para o sol, que resplandece nas nuvens, quando o vento, tendo passado, o deixa limpo.
22  O esplendor de ouro vem do norte; pois, em Deus há uma tremenda majestade.
23  Ao Todo-Poderoso não podemos alcançar; grande é em poder; porém a ninguém oprime em juízo e grandeza de justiça.
24  Por isso o temem os homens; ele não respeita os que se julgam sábios de coração.

autor: eliu

Jó 36

1  PROSSEGUIU ainda Eliú, e disse:
2  Espera-me um pouco, e mostrar-te-ei que ainda há razões a favor de Deus.
3  De longe trarei o meu conhecimento; e ao meu Criador atribuirei a justiça.
4  Porque na verdade, as minhas palavras não serão falsas; contigo está um que tem perfeito conhecimento.
5  Eis que Deus é mui grande, contudo a ninguém despreza; grande é em força e sabedoria.
6  Ele não preserva a vida do ímpio, e faz justiça aos aflitos.
7  Do justo não tira os seus olhos; antes estão com os reis no trono; ali os assenta para sempre, e assim são exaltados.
8  E se estão presos em grilhões, amarrados com cordas de aflição,
9  Então lhes faz saber a obra deles, e as suas transgressões, porquanto prevaleceram nelas.
10  Abre-lhes também os seus ouvidos, para sua disciplina, e ordena-lhes que se convertam da maldade.
11  Se o ouvirem, e o servirem, acabarão seus dias em bem, e os seus anos em delícias.
12  Porém se não o ouvirem, à espada serão passados, e expirarão sem conhecimento.
13  E os hipócritas de coração amontoam para si a ira; e amarrando-os ele, não clamam por socorro.
14  A sua alma morre na mocidade, e a sua vida perece entre os impuros.
15  Ao aflito livra da sua aflição, e na opressão se revela aos seus ouvidos.
16  Assim também te desviará da boca da angústia para um lugar espaçoso, em que não há aperto, e as iguarias da tua mesa serão cheias de gordura.
17  Mas tu estás cheio do juízo do ímpio; o juízo e a justiça te sustentam.
18  Porquanto há furor, guarda-te de que não sejas atingido pelo castigo violento, pois nem com resgate algum te livrarias dele.
19  Estimaria ele tanto tuas riquezas? Não, nem ouro, nem todas as forças do poder.
20  Não suspires pela noite, em que os povos sejam tomados do seu lugar.
21  Guarda-te, e não declines para a iniqüidade; porquanto isso escolheste antes que a aflição.
22  Eis que Deus é excelso em seu poder; quem ensina como ele?
23  Quem lhe prescreveu o seu caminho? Ou, quem lhe dirá: Tu cometeste maldade?
24  Lembra-te de engrandecer a sua obra, que os homens contemplam.
25  Todos os homens a vêem, e o homem a enxerga de longe.
26  Eis que Deus é grande, e nós não o compreendemos, e o número dos seus anos não se pode esquadrinhar.
27  Porque faz miúdas as gotas das águas que, do seu vapor, derramam a chuva,
28  A qual as nuvens destilam e gotejam sobre o homem abundantemente.
29  Porventura pode alguém entender as extensões das nuvens, e os estalos da sua tenda?
30  Eis que estende sobre elas a sua luz, e encobre as profundezas do mar.
31  Porque por estas coisas julga os povos e lhes dá mantimento em abundância.
32  Com as nuvens encobre a luz, e ordena não brilhar, interpondo a nuvem.
33  O que nos dá a entender o seu pensamento, como também ao gado, acerca do temporal que sobe.

de  eliu,

Jó 35

1  RESPONDEU mais Eliú, dizendo:
2  Tens por direito dizeres: Maior é a minha justiça do que a de Deus?
3  Porque disseste: De que me serviria? Que proveito tiraria mais do que do meu pecado?
4  Eu te darei resposta, a ti e aos teus amigos contigo.
5  Atenta para os céus, e vê; e contempla as mais altas nuvens, que são mais altas do que tu.
6  Se pecares, que efetuarás contra ele? Se as tuas transgressões se multiplicarem, que lhe farás?
7  Se fores justo, que lhe darás, ou que receberá ele da tua mão?
8  A tua impiedade faria mal a outro tal como tu; e a tua justiça aproveitaria ao filho do homem.
9  Por causa das muitas opressões os homens clamam por causa do braço dos grandes.
10  Porém ninguém diz: Onde está Deus que me criou, que dá salmos durante a noite;
11  Que nos ensina mais do que aos animais da terra e nos faz mais sábios do que as aves dos céus?
12  Clamam, porém ele não responde, por causa da arrogância dos maus.
13  Certo é que Deus não ouvirá a vaidade, nem atentará para ela o Todo-Poderoso.
14  E quanto ao que disseste, que o não verás, juízo há perante ele; por isso espera nele.
15  Mas agora, porque a sua ira ainda não se exerce, nem grandemente considera a arrogância,
16  Logo Jó em vão abre a sua boca, e sem ciência multiplica palavras.

eliu é autor

Jó 34

1  RESPONDEU mais Eliú, dizendo:
2  Ouvi, vós, sábios, as minhas razões; e vós, entendidos, inclinai os ouvidos para mim.
3  Porque o ouvido prova as palavras, como o paladar experimenta a comida.
4  O que é direito escolhamos para nós; e conheçamos entre nós o que é bom.
5  Porque Jó disse: Sou justo, e Deus tirou o meu direito.
6  Apesar do meu direito sou considerado mentiroso; a minha ferida é incurável, embora eu esteja sem transgressão.
7  Que homem há como Jó, que bebe a zombaria como água?
8  E caminha em companhia dos que praticam a iniqüidade, e anda com homens ímpios?
9  Porque disse: De nada aproveita ao homem o comprazer-se em Deus.
10  Portanto vós, homens de entendimento, escutai-me: Longe de Deus esteja o praticar a maldade e do Todo-Poderoso o cometer a perversidade!
11  Porque, segundo a obra do homem, ele lhe paga; e faz a cada um segundo o seu caminho.
12  Também, na verdade, Deus não procede impiamente; nem o Todo-Poderoso perverte o juízo.
13  Quem lhe entregou o governo da terra? E quem fez todo o mundo?
14  Se ele pusesse o seu coração contra o homem, e recolhesse para si o seu espírito e o seu fôlego,
15  Toda a carne juntamente expiraria, e o homem voltaria para o pó.
16  Se, pois, há em ti entendimento, ouve isto; inclina os ouvidos ao som da minha palavra.
17  Porventura o que odiasse o direito se firmaria? E tu condenarias aquele que é justo e poderoso?
18  Ou dir-se-á a um rei: Oh! vil? Ou aos príncipes: Oh! ímpios?
19  Quanto menos àquele, que não faz acepção das pessoas de príncipes, nem estima o rico mais do que o pobre; porque todos são obras de suas mãos.
20  Eles num momento morrem; e até à meia noite os povos são perturbados, e passam, e os poderosos serão tomados não por mão humana.
21  Porque os seus olhos estão sobre os caminhos de cada um, e ele vê todos os seus passos.
22  Não há trevas nem sombra de morte, onde se escondam os que praticam a iniqüidade.
23  Porque Deus não sobrecarrega o homem mais do que é justo, para o fazer ir a juízo diante dele.
24  Quebranta aos fortes, sem que se possa inquirir, e põe outros em seu lugar.
25  Ele conhece, pois, as suas obras; de noite os transtorna, e ficam moídos.
26  Ele os bate como ímpios que são, à vista dos espectadores;
27  Porquanto se desviaram dele, e não compreenderam nenhum de seus caminhos,
28  De sorte que o clamor do pobre subisse até ele, e que ouvisse o clamor dos aflitos.
29  Se ele aquietar, quem então inquietará? Se encobrir o rosto, quem então o poderá contemplar? Seja isto para com um povo, seja para com um homem só,
30  Para que o homem hipócrita nunca mais reine, e não haja laços no povo.
31  Na verdade, quem a Deus disse: Suportei castigo, não ofenderei mais.
32  O que não vejo, ensina-me tu; se fiz alguma maldade, nunca mais a hei de fazer?
33  Virá de ti como há de ser a recompensa, para que tu a rejeites? Faze tu, pois, e não eu, a escolha; fala logo o que sabes.
34  Os homens de entendimento dirão comigo, e o homem sábio que me ouvir:
35  Jó falou sem conhecimento; e às suas palavras falta prudência.
36  Pai meu! Provado seja Jó até ao fim, pelas suas respostas próprias de homens malignos.
37  Porque ao seu pecado acrescenta a transgressão; entre nós bate palmas, e multiplica contra Deus as suas palavras.

autor: eliu

Jó 33

1  ASSIM, na verdade, ó Jó, ouve as minhas razões, e dá ouvidos a todas as minhas palavras.
2  Eis que já abri a minha boca; já falou a minha língua debaixo do meu paladar.
3  As minhas razões provam a sinceridade do meu coração, e os meus lábios proferem o puro saber.
4  O Espírito de Deus me fez; e a inspiração do Todo-Poderoso me deu vida.
5  Se podes, responde-me, põe em ordem as tuas razões diante de mim, e apresenta-te.
6  Eis que vim de Deus, como tu; do barro também eu fui formado.
7  Eis que não te perturbará o meu terror, nem será pesada sobre ti a minha mão.
8  Na verdade tu falaste aos meus ouvidos; e eu ouvi a voz das tuas palavras. Dizias:
9  Limpo estou, sem transgressão; puro sou, e não tenho iniqüidade.
10  Eis que procura pretexto contra mim, e me considera como seu inimigo.
11  Põe no tronco os meus pés, e observa todas as minhas veredas.
12  Eis que nisso não tens razão; eu te respondo; porque maior é Deus do que o homem.
13  Por que razão contendes com ele, sendo que não responde acerca de todos os seus feitos?
14  Antes Deus fala uma e duas vezes; porém ninguém atenta para isso.
15  Em sonho ou em visão noturna, quando cai sono profundo sobre os homens, e adormecem na cama.
16  Então o revela ao ouvido dos homens, e lhes sela a sua instrução,
17  Para apartar o homem daquilo que faz, e esconder do homem a soberba.
18  Para desviar a sua alma da cova, e a sua vida de passar pela espada.
19  Também na sua cama é castigado com dores; e com incessante contenda nos seus ossos;
20  De modo que a sua vida abomina até o pão, e a sua alma a comida apetecível.
21  Desaparece a sua carne a olhos vistos, e os seus ossos, que não se viam, agora aparecem.
22  E a sua alma se vai chegando à cova, e a sua vida aos que trazem a morte.
23  Se com ele, pois, houver um mensageiro, um intérprete, um entre milhares, para declarar ao homem a sua retidão,
24  Então terá misericórdia dele, e lhe dirá: Livra-o, para que não desça à cova; já achei resgate.
25  Sua carne se reverdecerá mais do que era na mocidade, e tornará aos dias da sua juventude.
26  Deveras orará a Deus, o qual se agradará dele, e verá a sua face com júbilo, e restituirá ao homem a sua justiça.
27  Olhará para os homens, e dirá: Pequei, e perverti o direito, o que de nada me aproveitou.
28  Porém Deus livrou a minha alma de ir para a cova, e a minha vida verá a luz.
29  Eis que tudo isto é obra de Deus, duas e três vezes para com o homem,
30  Para desviar a sua alma da perdição, e o iluminar com a luz dos viventes.
31  Escuta, pois, ó Jó, ouve-me; cala-te, e eu falarei.
32  Se tens alguma coisa que dizer, responde-me; fala, porque desejo justificar-te.
33  Se não, escuta-me tu; cala-te, e ensinar-te-ei a sabedoria

de eliu

Jó 32

1  ENTÃO aqueles três homens cessaram de responder a Jó; porque era justo aos seus próprios olhos.
2  E acendeu-se a ira de Eliú, filho de Baraquel, o buzita, da família de Rão; contra Jó se acendeu a sua ira, porque se justificava a si mesmo, mais do que a Deus.
3  Também a sua ira se acendeu contra os seus três amigos, porque, não achando que responder, todavia condenavam a Jó.
4  Eliú, porém, esperou para falar a Jó, porquanto tinham mais idade do que ele.
5  Vendo, pois, Eliú que já não havia resposta na boca daqueles três homens, a sua ira se acendeu.
6  E respondeu Eliú, filho de Baraquel, o buzita, dizendo: Eu sou de menos idade, e vós sois idosos; receei-me e temi de vos declarar a minha opinião.
7  Dizia eu: Falem os dias, e a multidão dos anos ensine a sabedoria.
8  Na verdade, há um espírito no homem, e a inspiração do Todo-Poderoso o faz entendido.
9  Os grandes não são os sábios, nem os velhos entendem o que é direito.
10  Assim digo: Dai-me ouvidos, e também eu declararei a minha opinião.
11  Eis que aguardei as vossas palavras, e dei ouvidos às vossas considerações, até que buscásseis razões.
12  Atentando, pois, para vós, eis que nenhum de vós há que possa convencer a Jó, nem que responda às suas razões;
13  Para que não digais: Achamos a sabedoria; Deus o derrubou, e não homem algum.
14  Ora ele não dirigiu contra mim palavra alguma, nem lhe responderei com as vossas palavras.
15  Estão pasmados, não respondem mais, faltam-lhes as palavras.
16  Esperei, pois, mas não falam; porque já pararam, e não respondem mais.
17  Também eu responderei pela minha parte; também eu declararei a minha opinião.
18  Porque estou cheio de palavras; o meu espírito me constrange.
19  Eis que dentro de mim sou como o mosto, sem respiradouro, prestes a arrebentar, como odres novos.
20  Falarei, para que ache alívio; abrirei os meus lábios, e responderei.
21  Que não faça eu acepção de pessoas, nem use de palavras lisonjeiras com o homem!
22  Porque não sei usar de lisonjas; em breve me levaria o meu Criador.




de Eliu

Jó 31

1  FIZ aliança com os meus olhos; como, pois, os fixaria numa virgem?
2  Que porção teria eu do Deus lá de cima, ou que herança do Todo-Poderoso desde as alturas?
3  Porventura não é a perdição para o perverso, o desastre para os que praticam iniqüidade?
4  Ou não vê ele os meus caminhos, e não conta todos os meus passos?
5  Se andei com falsidade, e se o meu pé se apressou para o engano
6  (Pese-me em balanças fiéis, e saberá Deus a minha sinceridade),
7  Se os meus passos se desviaram do caminho, e se o meu coração segue os meus olhos, e se às minhas mãos se apegou qualquer coisa,
8  Então semeie eu e outro coma, e seja a minha descendência arrancada até à raiz.
9  Se o meu coração se deixou seduzir por uma mulher, ou se eu armei traições à porta do meu próximo,
10  Então moa minha mulher para outro, e outros se encurvem sobre ela,
11  Porque é uma infâmia, e é delito pertencente aos juízes.
12  Porque é fogo que consome até à perdição, e desarraigaria toda a minha renda.
13  Se desprezei o direito do meu servo ou da minha serva, quando eles contendiam comigo;
14  Então que faria eu quando Deus se levantasse? E, inquirindo a causa, que lhe responderia?
15  Aquele que me formou no ventre não o fez também a ele? Ou não nos formou do mesmo modo na madre?
16  Se retive o que os pobres desejavam, ou fiz desfalecer os olhos da viúva,
17  Ou se, sozinho comi o meu bocado, e o órfão não comeu dele
18  (Porque desde a minha mocidade cresceu comigo como com seu pai, e fui o guia da viúva desde o ventre de minha mãe),
19  Se alguém vi perecer por falta de roupa, e ao necessitado por não ter coberta,
20  Se os seus lombos não me abençoaram, se ele não se aquentava com as peles dos meus cordeiros,
21  Se eu levantei a minha mão contra o órfão, porquanto na porta via a minha ajuda,
22  Então caia do ombro a minha espádua, e separe-se o meu braço do osso.
23  Porque o castigo de Deus era para mim um assombro, e eu não podia suportar a sua grandeza.
24  Se no ouro pus a minha esperança, ou disse ao ouro fino: Tu és a minha confiança;
25  Se me alegrei de que era muita a minha riqueza, e de que a minha mão tinha alcançado muito;
26  Se olhei para o sol, quando resplandecia, ou para a lua, caminhando gloriosa,
27  E o meu coração se deixou enganar em oculto, e a minha boca beijou a minha mão,
28  Também isto seria delito à punição de juízes; pois assim negaria a Deus que está lá em cima.
29  Se me alegrei da desgraça do que me tem ódio, e se exultei quando o mal o atingiu
30  (Também não deixei pecar a minha boca, desejando a sua morte com maldição);
31  Se a gente da minha tenda não disse: Ah! quem nos dará da sua carne? Nunca nos fartaríamos dela.
32  O estrangeiro não passava a noite na rua; as minhas portas abria ao viandante.
33  Se, como Adão, encobri as minhas transgressões, ocultando o meu delito no meu seio;
34  Porque eu temia a grande multidão, e o desprezo das famílias me apavorava, e eu me calei, e não saí da porta;
35  Ah! quem me dera um que me ouvisse! Eis que o meu desejo é que o Todo-Poderoso me responda, e que o meu adversário escreva um livro.
36  Por certo que o levaria sobre o meu ombro, sobre mim o ataria por coroa.
37  O número dos meus passos lhe mostraria; como príncipe me chegaria a ele.
38  Se a minha terra clamar contra mim, e se os seus sulcos juntamente chorarem,
39  Se comi os seus frutos sem dinheiro, e sufoquei a alma dos seus donos,
40  Por trigo me produza cardos, e por cevada joio. Acabaram-se as palavras de Jó.


autor:Jó

Jó 30

1  AGORA, porém, se riem de mim os de menos idade do que eu, cujos pais eu teria desdenhado de pôr com os cães do meu rebanho.
2  De que também me serviria a força das mãos daqueles, cujo vigor se tinha esgotado?
3  De míngua e fome se debilitaram; e recolhiam-se para os lugares secos, tenebrosos, assolados e desertos.
4  Apanhavam malvas junto aos arbustos, e o seu mantimento eram as raízes dos zimbros.
5  Do meio dos homens eram expulsos, e gritavam contra eles, como contra o ladrão;
6  Para habitarem nos barrancos dos vales, e nas cavernas da terra e das rochas.
7  Bramavam entre os arbustos, e ajuntavam-se debaixo das urtigas.
8  Eram filhos de doidos, e filhos de gente sem nome, e da terra foram expulsos.
9  Agora, porém, sou a sua canção, e lhes sirvo de provérbio.
10  Abominam-me, e fogem para longe de mim, e no meu rosto não se privam de cuspir.
11  Porque Deus desatou a sua corda, e me oprimiu, por isso sacudiram de si o freio perante o meu rosto.
12  À direita se levantam os moços; empurram os meus pés, e preparam contra mim os seus caminhos de destruição.
13  Desbaratam-me o caminho; promovem a minha miséria; contra eles não há ajudador.
14  Vêm contra mim como por uma grande brecha, e revolvem-se entre a assolação.
15  Sobrevieram-me pavores; como vento perseguem a minha honra, e como nuvem passou a minha felicidade.
16  E agora derrama-se em mim a minha alma; os dias da aflição se apoderaram de mim.
17  De noite se me traspassam os meus ossos, e os meus nervos não descansam.
18  Pela grandeza do meu mal está desfigurada a minha veste, que, como a gola da minha túnica, me cinge.
19  Lançou-me na lama, e fiquei semelhante ao pó e à cinza.
20  Clamo a ti, porém, tu não me respondes; estou em pé, porém, para mim não atentas.
21  Tornaste-te cruel contra mim; com a força da tua mão resistes violentamente.
22  Levantas-me sobre o vento, fazes-me cavalgar sobre ele, e derretes-me o ser.
23  Porque eu sei que me levarás à morte e à casa do ajuntamento determinada a todos os viventes.
24  Porém não estenderá a mão para o túmulo, ainda que eles clamem na sua destruição.
25  Porventura não chorei sobre aquele que estava aflito, ou não se angustiou a minha alma pelo necessitado?
26  Todavia aguardando eu o bem, então me veio o mal, esperando eu a luz, veio a escuridão.
27  As minhas entranhas fervem e não estão quietas; os dias da aflição me surpreendem.
28  Denegrido ando, porém não do sol; levantando-me na congregação, clamo por socorro.
29  Irmão me fiz dos chacais, e companheiro dos avestruzes.
30  Enegreceu-se a minha pele sobre mim, e os meus ossos estão queimados do calor.
31  A minha harpa se tornou em luto, e o meu órgão em voz dos que choram.

de Jó

Jó 29

1  E PROSSEGUIU Jó no seu discurso, dizendo:
2  Ah! quem me dera ser como eu fui nos meses passados, como nos dias em que Deus me guardava!
3  Quando fazia resplandecer a sua lâmpada sobre a minha cabeça e quando eu pela sua luz caminhava pelas trevas.
4  Como fui nos dias da minha mocidade, quando o segredo de Deus estava sobre a minha tenda;
5  Quando o Todo-Poderoso ainda estava comigo, e os meus filhos em redor de mim.
6  Quando lavava os meus passos na manteiga, e da rocha me corriam ribeiros de azeite;
7  Quando eu saía para a porta da cidade, e na rua fazia preparar a minha cadeira,
8  Os moços me viam, e se escondiam, e até os idosos se levantavam e se punham em pé;
9  Os príncipes continham as suas palavras, e punham a mão sobre a sua boca;
10  A voz dos nobres se calava, e a sua língua apegava-se ao seu paladar.
11  Ouvindo-me algum ouvido, me tinha por bem-aventurado; vendo-me algum olho, dava testemunho de mim;
12  Porque eu livrava o miserável, que clamava, como também o órfão que não tinha quem o socorresse.
13  A bênção do que ia perecendo vinha sobre mim, e eu fazia que rejubilasse o coração da viúva.
14  Vestia-me da justiça, e ela me servia de vestimenta; como manto e diadema era a minha justiça.
15  Eu me fazia de olhos para o cego, e de pés para o coxo.
16  Dos necessitados era pai, e as causas de que eu não tinha conhecimento inquiria com diligência.
17  E quebrava os queixos do perverso, e dos seus dentes tirava a presa.
18  E dizia: No meu ninho expirarei, e multiplicarei os meus dias como a areia.
19  A minha raiz se estendia junto às águas, e o orvalho permanecia sobre os meus ramos;
20  A minha honra se renovava em mim, e o meu arco se reforçava na minha mão.
21  Ouviam-me e esperavam, e em silêncio atendiam ao meu conselho.
22  Havendo eu falado, não replicavam, e minhas razões destilavam sobre eles;
23  Porque me esperavam, como à chuva; e abriam a sua boca, como à chuva tardia.
24  Se eu ria para eles, não o criam, e a luz do meu rosto não faziam abater;
25  Eu escolhia o seu caminho, assentava-me como chefe, e habitava como rei entre as suas tropas; como aquele que consola os que pranteiam.

Jó compoz

Jó 28

1  NA verdade, há veios de onde se extrai a prata, e lugar onde se refina o ouro.
2  O ferro tira-se da terra, e da pedra se funde o cobre.
3  Ele põe fim às trevas, e toda a extremidade ele esquadrinha, a pedra da escuridão e a da sombra da morte.
4  Abre um poço de mina longe dos homens, em lugares esquecidos do pé; ficando pendentes longe dos homens, oscilam de um lado para outro.
5  Da terra procede o pão, mas por baixo é revolvida como por fogo.
6  As suas pedras são o lugar da safira, e tem pó de ouro.
7  Essa vereda a ave de rapina a ignora, e não a viram os olhos da gralha.
8  Nunca a pisaram filhos de animais altivos, nem o feroz leão passou por ela.
9  Ele estende a sua mão contra o rochedo, e revolve os montes desde as suas raízes.
10  Dos rochedos faz sair rios, e o seu olho vê tudo o que há de precioso.
11  Os rios tapa, e nem uma gota sai deles, e tira à luz o que estava escondido.
12  Porém onde se achará a sabedoria, e onde está o lugar da inteligência?
13  O homem não conhece o seu valor, e nem ela se acha na terra dos viventes.
14  O abismo diz: Não está em mim; e o mar diz: Ela não está comigo.
15  Não se dará por ela ouro fino, nem se pesará prata em troca dela.
16  Nem se pode comprar por ouro fino de Ofir, nem pelo precioso ônix, nem pela safira.
17  Com ela não se pode comparar o ouro nem o cristal; nem se trocará por jóia de ouro fino.
18  Não se fará menção de coral nem de pérolas; porque o valor da sabedoria é melhor que o dos rubis.
19  Não se lhe igualará o topázio da Etiópia, nem se pode avaliar por ouro puro.
20  Donde, pois, vem a sabedoria, e onde está o lugar da inteligência?
21  Pois está encoberta aos olhos de todo o vivente, e oculta às aves do céu.
22  A perdição e a morte dizem: Ouvimos com os nossos ouvidos a sua fama.
23  Deus entende o seu caminho, e ele sabe o seu lugar.
24  Porque ele vê as extremidades da terra; e vê tudo o que há debaixo dos céus.
25  Quando deu peso ao vento, e tomou a medida das águas;
26  Quando prescreveu leis para a chuva e caminho para o relâmpago dos trovões;
27  Então a viu e relatou; estabeleceu-a, e também a esquadrinhou.
28  E disse ao homem: Eis que o temor do Senhor é a sabedoria, e apartar-se do mal é a inteligência.

autor: Jó

Jó 27

1  E PROSSEGUINDO Jó em seu discurso, disse:
2  Vive Deus, que desviou a minha causa, e o Todo-Poderoso, que amargurou a minha alma.
3  Que, enquanto em mim houver alento, e o sopro de Deus nas minhas narinas,
4  Não falarão os meus lábios iniqüidade, nem a minha língua pronunciará engano.
5  Longe de mim que eu vos justifique; até que eu expire, nunca apartarei de mim a minha integridade.
6  À minha justiça me apegarei e não a largarei; não me reprovará o meu coração em toda a minha vida.
7  Seja como o ímpio o meu inimigo, e como o perverso o que se levantar contra mim.
8  Porque qual será a esperança do hipócrita, havendo sido avaro, quando Deus lhe arrancar a sua alma?
9  Porventura Deus ouvirá o seu clamor, sobrevindo-lhe a tribulação?
10  Deleitar-se-á no Todo-Poderoso, ou invocará a Deus em todo o tempo?
11  Ensinar-vos-ei acerca da mão de Deus, e não vos encobrirei o que está com o Todo-Poderoso.
12  Eis que todos vós já o vistes; por que, pois, vos desvaneceis na vossa vaidade?
13  Esta, pois, é a porção do homem ímpio da parte de Deus, e a herança, que os tiranos receberão do Todo-Poderoso.
14  Se os seus filhos se multiplicarem, será para a espada, e a sua prole não se fartará de pão.
15  Os que ficarem dele na morte serão enterrados, e as suas viúvas não chorarão.
16  Se amontoar prata como pó, e aparelhar roupas como lodo,
17  Ele as aparelhará, porém o justo as vestirá, e o inocente repartirá a prata.
18  E edificará a sua casa como a traça, e como o guarda que faz a cabana.
19  Rico se deita, e não será recolhido; abre os seus olhos, e nada terá.
20  Pavores se apoderam dele como águas; de noite o arrebata a tempestade.
21  O vento oriental leva-o, e ele se vai, e varre-o com ímpeto do seu lugar.
22  E Deus lançará isto sobre ele, e não lhe poupará; irá fugindo da sua mão.
23  Cada um baterá palmas contra ele e assobiará tirando-o do seu lugar.


de Jó

Jó 26

1  JÓ, porém, respondeu, dizendo:
2  Como ajudaste aquele que não tinha força, e sustentaste o braço que não tinha vigor?
3  Como aconselhaste aquele que não tinha sabedoria, e plenamente fizeste saber a causa, assim como era?
4  A quem proferiste palavras, e de quem é o espírito que saiu de ti?
5  Os mortos tremem debaixo das águas, com os seus moradores.
6  O inferno está nu perante ele, e não há coberta para a perdição.
7  O norte estende sobre o vazio; e suspende a terra sobre o nada.
8  Prende as águas nas suas nuvens, todavia a nuvem não se rasga debaixo delas.
9  Encobre a face do seu trono, e sobre ele estende a sua nuvem.
10  Marcou um limite sobre a superfície das águas em redor, até aos confins da luz e das trevas.
11  As colunas do céu tremem, e se espantam da sua ameaça.
12  Com a sua força fende o mar, e com o seu entendimento abate a soberba.
13  Pelo seu Espírito ornou os céus; a sua mão formou a serpente enroscadiça.
14  Eis que isto são apenas as orlas dos seus caminhos; e quão pouco é o que temos ouvido dele! Quem, pois, entenderia o trovão do seu poder?


autor: Jó

Jó 25

1  ENTÃO respondeu Bildade, o suíta, e disse:
2  Com ele estão domínio e temor; ele faz paz nas suas alturas.
3  Porventura têm número as suas tropas? E sobre quem não se levanta a sua luz?
4  Como, pois, seria justo o homem para com Deus, e como seria puro aquele que nasce de mulher?
5  Eis que até a lua não resplandece, e as estrelas não são puras aos seus olhos.
6  E quanto menos o homem, que é um verme, e o filho do homem, que é um vermezinho!


de Bildade

Jó 24

1  VISTO que do Todo-Poderoso não se encobriram os tempos, por que, os que o conhecem, não vêem os seus dias?
2  Até os limites removem; roubam os rebanhos, e os apascentam.
3  Do órfão levam o jumento; tomam em penhor o boi da viúva.
4  Desviam do caminho os necessitados; e os pobres da terra juntos se escondem.
5  Eis que, como jumentos monteses no deserto, saem à sua obra, madrugando para a presa; a campina dá mantimento a eles e aos seus filhos.
6  No campo segam o seu pasto, e vindimam a vinha do ímpio.
7  Ao nu fazem passar a noite sem roupa, não tendo ele coberta contra o frio.
8  Pelas chuvas das montanhas são molhados e, não tendo refúgio, abraçam-se com as rochas.
9  Ao orfãozinho arrancam dos peitos, e tomam o penhor do pobre.
10  Fazem com que os nus vão sem roupa e aos famintos tiram as espigas.
11  Dentro das suas paredes espremem o azeite; pisam os lagares, e ainda têm sede.
12  Desde as cidades gemem os homens, e a alma dos feridos exclama, e contudo Deus lho não imputa como loucura.
13  Eles estão entre os que se opõem à luz; não conhecem os seus caminhos, e não permanecem nas suas veredas.
14  De madrugada se levanta o homicida, mata o pobre e necessitado, e de noite é como o ladrão.
15  Assim como o olho do adúltero aguarda o crepúsculo, dizendo: Não me verá olho nenhum; e oculta o rosto,
16  Nas trevas minam as casas, que de dia se marcaram; não conhecem a luz.
17  Porque a manhã para todos eles é como sombra de morte; pois, sendo conhecidos, sentem os pavores da sombra da morte.
18  É ligeiro sobre a superfície das águas; maldita é a sua parte sobre a terra; não volta pelo caminho das vinhas.
19  A secura e o calor desfazem as águas da neve; assim desfará a sepultura aos que pecaram.
20  A madre se esquecerá dele, os vermes o comerão gostosamente; nunca mais haverá lembrança dele; e a iniqüidade se quebrará como uma árvore.
21  Aflige à estéril que não dá à luz, e à viúva não faz bem.
22  Até aos poderosos arrasta com a sua força; se ele se levanta, não há vida segura.
23  Se Deus lhes dá descanso, estribam-se nisso; seus olhos porém estão nos caminhos deles.
24  Por um pouco se exaltam, e logo desaparecem; são abatidos, encerrados como todos os demais; e cortados como as cabeças das espigas.
25  Se agora não é assim, quem me desmentirá e desfará as minhas razões?


 Jó recitou

Jó 23

1  RESPONDEU, porém, Jó, dizendo:
2  Ainda hoje a minha queixa está em amargura; a minha mão pesa sobre meu gemido.
3  Ah, se eu soubesse onde o poderia achar! Então me chegaria ao seu tribunal.
4  Exporia ante ele a minha causa, e a minha boca encheria de argumentos.
5  Saberia as palavras com que ele me responderia, e entenderia o que me dissesse.
6  Porventura segundo a grandeza de seu poder contenderia comigo? Não: ele antes me atenderia.
7  Ali o reto pleitearia com ele, e eu me livraria para sempre do meu Juiz.
8  Eis que se me adianto, ali não está; se torno para trás, não o percebo.
9  Se opera à esquerda, não o vejo; se se encobre à direita, não o diviso.
10  Porém ele sabe o meu caminho; provando-me ele, sairei como o ouro.
11  Nas suas pisadas os meus pés se afirmaram; guardei o seu caminho, e não me desviei dele.
12  Do preceito de seus lábios nunca me apartei, e as palavras da sua boca guardei mais do que a minha porção.
13  Mas, se ele resolveu alguma coisa, quem então o desviará? O que a sua alma quiser, isso fará.
14  Porque cumprirá o que está ordenado a meu respeito, e muitas coisas como estas ainda tem consigo.
15  Por isso me perturbo perante ele, e quando isto considero, temo-me dele.
16  Porque Deus macerou o meu coração, e o Todo-Poderoso me perturbou.
17  Porquanto não fui desarraigado por causa das trevas, e nem encobriu o meu rosto com a escuridão.


autor: Jó

Jó 22

1  ENTÃO respondeu Elifaz, o temanita, dizendo:
2  Porventura será o homem de algum proveito a Deus? Antes a si mesmo o prudente será proveitoso.
3  Ou tem o Todo-Poderoso prazer em que tu sejas justo, ou algum lucro em que tu faças perfeitos os teus caminhos?
4  Ou te repreende, pelo temor que tem de ti, ou entra contigo em juízo?
5  Porventura não é grande a tua malícia, e sem termo as tuas iniqüidades?
6  Porque sem causa penhoraste a teus irmãos, e aos nus despojaste as vestes.
7  Não deste ao cansado água a beber, e ao faminto retiveste o pão.
8  Mas para o poderoso era a terra, e o homem tido em respeito habitava nela.
9  As viúvas despediste vazias, e os braços dos órfãos foram quebrados.
10  Por isso é que estás cercado de laços, e te perturba um pavor repentino,
11  Ou trevas em que nada vês, e a abundância de águas que te cobre.
12  Porventura Deus não está na altura dos céus? Olha para a altura das estrelas; quão elevadas estão.
13  E dizes: que sabe Deus? Porventura julgará ele através da escuridão?
14  As nuvens são esconderijo para ele, para que não veja; e passeia pelo circuito dos céus.
15  Porventura queres guardar a vereda antiga, que pisaram os homens iníquos?
16  Eles foram arrebatados antes do seu tempo; sobre o seu fundamento um dilúvio se derramou.
17  Diziam a Deus: Retira-te de nós. E: Que foi que o Todo-Poderoso nos fez?
18  Contudo ele encheu de bens as suas casas; mas o conselho dos ímpios esteja longe de mim.
19  Os justos o vêem, e se alegram, e o inocente escarnece deles.
20  Porquanto o nosso adversário não foi destruído, mas o fogo consumiu o que restou deles.
21  Apega-te, pois, a ele, e tem paz, e assim te sobrevirá o bem.
22  Aceita, peço-te, a lei da sua boca, e põe as suas palavras no teu coração.
23  Se te voltares ao Todo-Poderoso, serás edificado; se afastares a iniqüidade da tua tenda,
24  E deitares o teu tesouro no pó, e o ouro de Ofir nas pedras dos ribeiros,
25  Então o Todo-Poderoso será o teu tesouro, e a tua prata acumulada.
26  Porque então te deleitarás no Todo-Poderoso, e levantarás o teu rosto para Deus.
27  Orarás a ele, e ele te ouvirá, e pagarás os teus votos.
28  Determinarás tu algum negócio, e ser-te-á firme, e a luz brilhará em teus caminhos.
29  Quando te abaterem, então tu dirás: Haja exaltação! E Deus salvará ao humilde.
30  E livrará até ao que não é inocente; porque será libertado pela pureza de tuas mãos.


autor: Elifaz

Jó 21

1  RESPONDEU, porém, Jó, dizendo:
2  Ouvi atentamente as minhas razões; e isto vos sirva de consolação.
3  Sofrei-me, e eu falarei; e havendo eu falado, zombai.
4  Porventura eu me queixo de algum homem? Porém, ainda que assim fosse, por que não se angustiaria o meu espírito?
5  Olhai para mim, e pasmai; e ponde a mão sobre a boca.
6  Porque, quando me lembro disto me perturbo, e a minha carne é sobressaltada de horror.
7  Por que razão vivem os ímpios, envelhecem, e ainda se robustecem em poder?
8  A sua descendência se estabelece com eles perante a sua face; e os seus renovos perante os seus olhos.
9  As suas casas têm paz, sem temor; e a vara de Deus não está sobre eles.
10  O seu touro gera, e não falha; pare a sua vaca, e não aborta.
11  Fazem sair as suas crianças, como a um rebanho, e seus filhos andam saltando.
12  Levantam a voz, ao som do tamboril e da harpa, e alegram-se ao som do órgão.
13  Na prosperidade gastam os seus dias, e num momento descem à sepultura.
14  E, todavia, dizem a Deus: Retira-te de nós; porque não desejamos ter conhecimento dos teus caminhos.
15  Quem é o Todo-Poderoso, para que nós o sirvamos? E que nos aproveitará que lhe façamos orações?
16  Vede, porém, que a prosperidade não está nas mãos deles; esteja longe de mim o conselho dos ímpios!
17  Quantas vezes sucede que se apaga a lâmpada dos ímpios, e lhes sobrevém a sua destruição? E Deus na sua ira lhes reparte dores!
18  Porque são como a palha diante do vento, e como a pragana, que arrebata o redemoinho.
19  Deus guarda a sua violência para seus filhos, e dá-lhe o pago, para que o conheça.
20  Seus olhos verão a sua ruína, e ele beberá do furor do Todo-Poderoso.
21  Por que, que prazer teria na sua casa, depois de morto, cortando-se-lhe o número dos seus meses?
22  Porventura a Deus se ensinaria ciência, a ele que julga os excelsos?
23  Um morre na força da sua plenitude, estando inteiramente sossegado e tranqüilo.
24  Com seus baldes cheios de leite, e a medula dos seus ossos umedecida.
25  E outro, ao contrário, morre na amargura do seu coração, não havendo provado do bem.
26  Juntamente jazem no pó, e os vermes os cobrem.
27  Eis que conheço bem os vossos pensamentos; e os maus intentos com que injustamente me fazeis violência.
28  Porque direis: Onde está a casa do príncipe, e onde a tenda em que moravam os ímpios?
29  Porventura não perguntastes aos que passam pelo caminho, e não conheceis os seus sinais,
30  Que o mau é preservado para o dia da destruição; e arrebatado no dia do furor?
31  Quem acusará diante dele o seu caminho, e quem lhe dará o pago do que faz?
32  Finalmente é levado à sepultura, e vigiam-lhe o túmulo.
33  Os torrões do vale lhe são doces, e o seguirão todos os homens; e adiante dele foram inumeráveis.
34  Como, pois, me consolais com vaidade? Pois nas vossas respostas ainda resta a transgressão.


de Jó